quarta-feira, agosto 17, 2011

Dilma e o presente

Reportagem original Carta Capital

Por: A Luiz Gonzaga Belluzzo, Mino Carta e Sergio Lirio

Os gravadores ainda estavam desligados, a conversa versava sobre artes plásticas, quando Dilma Rousseff, por um instante, pensou em outra vida: “Vocês sabem que eu gostaria de ter sido pintora, não?” Quase no fim da entrevista, ela voltaria ao tema, um de seus preferidos, ao mostrar um livro sobre um grupo de sete pintores canadenses do começo do século passado, sua distração do momento.

No mais, a presidenta aparentava bom humor. E não havia um motivo específico para tanto. Ao contrário. A terça-feira 9 seria mais um daqueles dias em que o Palácio do Planalto se veria obrigado a reagir à contingência. Logo no raiar do dia, a Polícia Federal havia prendido 36 suspeitos de participar de um esquema de corrupção no Ministério do Turismo, entre eles o secretário-executivo da pasta. A operação soma-se a uma profusão de denúncias que culminaram na queda de Antonio Palocci, na faxina nos Transportes e nas demissões na Agricultura. Com resultados agora medidos sobre a aprovação da presidenta e de seu governo. Segundo pesquisa Ibope divulgada no dia seguinte, a popularidade de Dilma recuou 6 pontos porcentuais em relação à última medição. O mesmo se deu com o apoio à administração.